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Há uma porta no coração da Cidade do Vaticano que, uma vez atravessada, se abre para um dos maiores e mais surpreendentes percursos de museus do mundo. Não se trata apenas de uma coleção de arte: é uma viagem através dos séculos, através da fé e do gosto de papas, artistas e mecenas. Os Museus do Vaticano nasceram quase por brincadeira – ou por amor à arte – e hoje atraem milhões de visitantes curiosos, estudantes e amantes da beleza todos os anos.
Mas o que é que os Museus do Vaticano têm que os torna tão únicos? E sobretudo: qual a melhor forma de organizar a sua visita? Neste guia, encontrará tudo , desde bilhetes a horários e conselhos práticos.
A história dos Museus do Vaticano: de uma estátua para o mundo

Tudo começou em 1506, quando o Papa Júlio II decidiu expor no pátio do Vaticano uma estátua antiga recentemente descoberta: o Grupo de Laocoonte. A sua imponência foi tal que nasceu a ideia de uma coleção pública. Nos séculos seguintes, papas como Clemente XIV e Pio VI ampliaram as colecções, transformando o Vaticano num museu.
Hoje, os Museus estendem-se por cerca de 7 quilómetros de galerias, pátios e salas, ligando arte antiga, renascentista e contemporânea e tesouros de todo o mundo.
O que ver nos Museus do Vaticano
Tentar ver tudo numa só visita é uma tarefa impossível. Por isso, aconselhamos que se concentre nos principais tesouros, divididos por tipo:
Capela Sistina
Entre os tesouros mais famosos dos Museus do Vaticano, a Capela Sistina é, sem dúvida, o ponto alto da visita: uma obra-prima absoluta da arte renascentista, inteiramente pintada a fresco por mestres como Botticelli, Perugino e, sobretudo, Miguel Ângelo, que decorou primeiro a abóbada com as histórias do Génesis, depois a parede do altar com o Juízo Final.
Entrar nela é como mergulhar numa visão monumental, em que cada pormenor – dos profetas aos nus, das Sibilas às figuras dramáticas do Juízo – conta uma peça de teologia, de arte e de humanidade. Apesar do silêncio exigido e da proibição de fotografar, é um daqueles lugares que ficam gravados para sempre.
Salas de Rafael
Entre as obras-primas pictóricas imperdíveis dos Museus do Vaticano estão as Salas de Rafael, um grupo de quatro salas decoradas no início do século XVI por encomenda do Papa Júlio II. Rafael, ainda muito jovem, conseguiu transformar estas salas num manifesto da cultura humanista e da pintura renascentista. A mais famosa é a Stanza della Segnatura, que alberga a emblemática Escola de Atenas, um fresco em que o pintor retrata Platão e Aristóteles rodeados de filósofos, matemáticos e artistas (incluindo um autorretrato).
Mas cada sala – desde a Stanza di Eliodoro até à Stanza dell’Incendio di Borgo – conta momentos-chave da história papal e religiosa, com uma riqueza de pormenores e uma mestria de composição que nos deixam sem palavras.
Galeria de Arte do Vaticano
A Galeria de Arte do Vaticano é uma das secções mais valiosas e, ao mesmo tempo, mais tranquilas dos Museus do Vaticano. Organizada em 18 salas por ordem cronológica, contém obras-primas desde a Idade Média até ao século XIX. Aqui pode admirar obras de Giotto, Leonardo da Vinci (com o famoso inacabado São Jerónimo ), Rafael, Caravaggio (com a Deposição), Perugino, Veronese e muitos outros.
Cada sala está organizada de forma a permitir uma fruição clara e ordenada, tornando a visita ideal para quem quer apreciar a grande pintura italiana com calma, longe das zonas mais concorridas do percurso.
Museu Pio-Clementino
Esta é a secção mais rica e mais famosa da escultura clássica. O seu nome deve-se aos Papas Clemente XIV e Pio VI, que promoveram a sua criação no século XVIII. Entre as salas mais interessantes:
Cortile Ottagono (Pátio das Estátuas)
Um dos locais mais emblemáticos do museu. Algumas das obras mais emblemáticas de toda a coleção encontram-se aqui:
- Laocoonte e seus filhos: o grupo escultórico que deu origem aos Museus do Vaticano. Representa o sacerdote troiano e os seus filhos rodeados de serpentes marinhas. Dramático e poderoso.
- Apolo do Belvedere: uma das estátuas mais imitadas do Renascimento, um exemplo perfeito da beleza ideal da arte grega.
- Vénus Félix e Hércules em bronze dourado: menos conhecida mas de grande impacto visual.

Sala das Musas
Dedicado às divindades da arte e da ciência, alberga estátuas como Apolo Citaredo e outros retratos clássicos, incluindo bustos de poetas e filósofos gregos.
Sala Redonda
Inspirado no Panteão, abriga estátuas monumentais e uma bacia de pórfiro egípcio vermelho no centro. Vale a pena ver:
- O busto de Zeus e o Hércules em bronze dourado, ambos excepcionais pelo seu tamanho e estado de conservação.
- O pavimento original do opus sectile romano, um dos mais antigos ainda visíveis.
O Pátio da Pinha
A dada altura da visita ao museu, encontrar-se-á no grande Cortile della Pigna, concebido por Donato Bramante no século XVI. É um dos espaços abertos mais bonitos de todo o complexo do museu. O seu nome deve-se à gigantesca pinha de bronze com mais de 4 metros de altura, datada da Roma antiga, que decorava as Termas de Agripa. O pátio é perfeito para fazer uma pausa, tirar algumas fotografias e observar a interação entre a arte clássica e a arquitetura renascentista.
Arquitetura e cenários
Entre as maravilhas arquitectónicas dos Museus do Vaticano encontra-se a famosa Galeria dos Mapas, um corredor com cerca de 120 metros de comprimento, pintado a fresco no século XVI por encomenda do Papa Gregório XIII. Os 40 mapas murais representam as regiões de Itália, tal como eram conhecidas na altura, e é incrível ver o seu grau de pormenor. Para além da sua função geográfica, a galeria é um espetáculo para os olhos graças à abóbada decorada, que muitas vezes rouba o protagonismo aos próprios mapas. É uma das zonas mais fotografadas (e Instagramadas) de todo o percurso.
Planeie a sua visita aos Museus do Vaticano

Endereço
📍 Viale Vaticano, 00165 Roma
A paragem de metro mais próxima é Ottaviano (Linha A). A partir daí, pode chegar à entrada a pé em cerca de 10 minutos.
Horário de abertura
- Segunda-feira a sábado: 08:00 – 20:00 (última entrada às 18:00)
- Domingo: fechado, exceto no último domingo do mês (ver abaixo)
- Dias especiais de encerramento: 1 de janeiro, 6 de janeiro, 29 de junho, 15 de agosto, 1 de novembro, 25-26 de dezembro
Atenção: na época alta, é melhor reservar os bilhetes para os Museus do Vaticano com pelo menos alguns dias de antecedência, através do sítio Web oficial dos Museus do Vaticano.
Quando a entrada é gratuita
A entrada é gratuita todos os últimos domingos do mês, das 9:00 às 14:00 (última entrada às 12:30).
É uma boa oportunidade, mas, como em todas as visitas gratuitas a museus, há uma desvantagem: filas de espera quilométricas e grandes multidões. Se quiser desfrutar da sua visita sem pressas, é melhor escolher um dia de semana e comprar os seus bilhetes com antecedência.
Escolher a experiência certa
Com tantas coisas para ver, é aconselhável seguir itinerários diferentes para descobrir todo o património artístico dos Museus do Vaticano, mesmo em dias diferentes:
Museus e colecções do Vaticano
O itinerário mais clássico. Inclui a Capela Sistina, as Salas de Rafael, a Pinacoteca e as colecções arqueológicas.
Dica: reserve online os bilhetes para os Museus do Vaticano para evitar filas.
Jardins do Vaticano
Um pulmão verde escondido cheio de fontes, estátuas e vistas panorâmicas. Acessível apenas por visita guiada.
Palácio Apostólico de Castel Gandolfo
Residência de verão dos papas, apenas aberta ao público desde 2016. O Jardim Secreto é perfeito para um passeio tranquilo.
Necrópole da Via Triunfal

Um sítio arqueológico espantoso com túmulos e mosaicos que remontam à Roma antiga. Acesso com reserva obrigatória.
Quanto custam os bilhetes?
O preço dos bilhetes para os Museus do Vaticano varia consoante o tipo de visita e a idade do visitante. Segue-se um resumo das opções mais populares, para que possa escolher a que mais lhe convém:
🎟️ Bilhete normal
- Preço total: 20 euros
- Preço reduzido: 8 € (estudantes com menos de 26 anos com bilhete de identidade, crianças entre os 6 e os 18 anos, professores com comprovativo)
- Reserva em linha: + 5 euros em pré-venda (recomendado para evitar as filas de espera)
🖼️ Bilhete combinado Museus do Vaticano + Capela Sistina + Basílica de São Pedro (visita guiada)
- Preço a partir de 35 euros com guia profissional
- Duração: cerca de 3 horas
- Inclui entrada “sem fila” e acesso direto à Basílica (sem sair da visita ao museu)
Bilhete para os Jardins do Vaticano (apenas com visita guiada)
- Preço: € 20 – € 38 dependendo da fórmula (a pé, de autocarro ecológico, em combinação com museus)
Palácio Apostólico de Castel Gandolfo + Jardins
- Bilhete combinado: € 13 – € 25
- Disponível da primavera a outubro, com transporte opcional de trem de Roma
⚰️ Necrópole da Via Triumphalis
- Entrada com guia
- Preço: € 10 – € 15
- Acesso limitado, deve ser reservado com bastante antecedência
Dicas úteis para visitar os Museus do Vaticano em Roma

Um dia nos Museus do Vaticano pode ser realmente fascinante, mas também um pouco desafiante, especialmente se não sair preparado. Aqui ficam algumas dicas práticas para desfrutar da sua visita sem problemas (e sem surpresas à entrada).
Como se vestir
O Vaticano continua a ser um Estado religioso, pelo que o código de vestuário é importante, especialmente se planear uma paragem na Basílica de São Pedro. Os ombros e os joelhos devem estar cobertos: é melhor evitar tops, tops, calções curtos e mini-saias. Em vez disso, use calças compridas, saias abaixo do joelho e t-shirts sóbrias.
Mochilas, sacos e bagagens
Se viajar com uma mochila ou um saco um pouco grande, saiba que terá de o deixar no bengaleiro gratuitamente. Não pode entrar com malas, trolleys ou mochilas volumosas. Por conseguinte, deve trazer apenas o essencial, para evitar perder tempo à entrada e à saída.
Alimentos e bebidas
Não é possível comer ou beber nas salas dos museus durante a visita, pelo que deve deixar lanches e sandes na sua mochila. No entanto, existem algumas zonas de refrescos e máquinas de venda automática ao longo do percurso e, no exterior, encontrará vários cafés. Uma dica útil, especialmente no verão: traga uma garrafa de água reutilizável (vazia se preferir passar mais rapidamente pelos controlos) para encher nos bebedouros.
São permitidos animais?
Infelizmente não. Os cães não são autorizados a entrar nos Museus do Vaticano, nem mesmo se forem pequenos ou estiverem dentro de um saco. A única exceção é para os cães-guia para cegos ou deficientes visuais, que podem entrar acompanhados pelo seu companheiro.